domingo, 27 de novembro de 2011

Na sequência de reunião com o Movimento Ar Puro, Câmara Municipal de Rio Maior discute poluição suinícola

In Região de Rio Maior, 26 de Novembro de 2011:

«A presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Isaura Morais, promoveu a 21 deste mês uma reunião de trabalho sobre a poluição causada por suiniculturas nas freguesias de Riberia de S. João e S. João da Ribeira. Das entidades convocadas compareceram a Direcção Regional de Agricultura, a Administração da Região Hidrográfica do Tejo, e GNR e a delegada de Saúde de Rio Maior. Segundo Isaura Morais, "quem não esteve foi a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e as duas juntas de freguesia: a de S. João da Ribeira e a de Ribeira de S. João".

A autarca tomou esta iniciativa na sequência de uma primeira reunião que teve, no dia 8 de Novembro, com uma delegação do Movimento Cívico "Ar Puro", composta por Luís Alves e Luís Carvalho.

Em sessão de Câmara, Isaura Morais disse ter ficado sensibilizada para a situação que vivem algumas populações sujeitas a maus cheiros. E afirmou aos vereadores que "é nossa responsabilidade colocarmo-nos ao lado das populações, para que as coisas possam funcionar".

Referiu ainda que o problema da contaminação de lençóis freáticos, apontando que "compete-nos também a defesa desta riqueza".

Isaura Morais considera que a reunião com as entidades públicas que estão a trabalhar sobre o problema foi positiva no sentido de propiciar uma maior articulação entre si.

A autarca ficou a aguardar o ponto da situação em relação às várias suiniculturas.

Isaura Morais ressalvou que "ninguém está aqui contra esta actividade" económica. O que se pretende é disciplinar a sua prática. Mais referiu que a "legislação é apertada, mas também há imensas formas des e contornar essa legislação".

O vereador Carlos Nazaré, do PS, afirmou que a pecuária foi um motor de desenvolvimento económico extremamente importante no concelho de Rio Maior. "Mas era uma pecuária em que os donos das explorações eram riomaiorenses, comprovam aqui as suas rações, havia todo um comércio (local) à volta disso". O vereador considera que hoje a realidade é diferente. "Hoje as pecuárias pertencem a grupos económicos estranhos ao concelho, que sacrificam as populações, deterioram o ambiente e levam a riqueza para outros concelhos".

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O rio Maior em 1758

In CidadaniaRM, 22/11/2011:

«Este artigo é escrito com base no documento 'Memórias Paroquiais' de 1758 guardado no Arquivo Nacional Torre do Tombo. (...)

O Rio Maior era conhecido na nascente como Rio do Jogadouro, depois em Rio Maior, chamava-se Rio Maior, em São João da Ribeira, era conhecido como Rio de São João e após Azambujeira passava a ser conhecido como Rio do Amial.

O Rio Maior é descrito» - na zona de Azambujeira - «como sendo navegável por bateis, como tendo um grande caudal desde a sua nascente e como tendo uma grande abundância de peixe (Enguias, barbos, fataças, Sarmoins, ruivacas e lampreia). 

As margens do rio (...) são descritas como muito produtivas para o trigo, milho, legumes, árvores de fruto e árvores silvestres. (...)

Segue agora uma cópia que tentei fazer do manuscrito. No entanto como não sou entendido em português antigo, poderá ter alguns erros.

"(...) tem o seu nascimento na Freguezia de Rio Mayor junto a huma quinta chamada o jugadouro no qual sitio comteria o mesmo nome do sitio donde nasçe Logo mais abaixo se chama Rio Mayor tomando o nome da terra por onde papsa passando pella Freguezia de Sáo Joáo da Ribeira se chama o Rio de Sáo Joáo e chegando a esta Freguezia de Azambugeira se chama o Rio do Amial por passar por huma Ribeira chamada o Amial e dista desta Freguezia duas legoas ao seu nascimento
Este Rio nasçe logo caudallozo e corre todo o anno
Desta Freguezia para sima náo he navegável por cauza de huma ponte de cantaria que se acha no meyo das Fazendas da Freguezia ca tal ponte empede a navegação daqui para sima
O outro Rio da parte do Nacente naçe a onde se chama as Alcobertas  No chamado olho dagoa das Alcobertas e nesta Freguezia se chama o Rio de Calharis este Rio daqui para cima the o lugar do seu nascimento náo he navegável por respeito dos asudes Este Rio também naçe Logo caudaloso e corre todo o anno
Qualquer destes dois Rios desde o sitio donde moram the apon que esta nesta Freguezia são Navegaveis no tempo de Inverno por Bateis que costumáo carregar quinze dezasseis moyos de páo
Qualquer destes dois Rios em humas partes sáo de curso Arebatado em outras quieto;
Correm estes dois Rios do Norte para o Sul; Criáo estes Rio quantidade de Peixes de toda a casta estes sáo muntas emguia barbos Fataças Sarmoins Ruivacas e em  alguns mezes do anno como sáo Março Abril e Mayo se fazem huns carreiros donde se apanháo bastantes Lampreas e de toda a pescaria uzáo Livremente todas as pepsoas
As margens destes dois Rios se cultiváo donde se recolhe bastante trigo milho e Legumes em algumas partes tem seu Arvoredo tanto de Fruto como  Silvestre
Estes dois Rios se ajuntáo hum com outro nesta Freguezia donde chamáo o canto do pego juntos em hum váo morrer no Rio Tejo donde chamáo o Rio Novo
Os moradores desta villa uzam Livremente de suas agoas para a cultura das suas terras»
 
(Américo Cardoso)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Poluição do rio Maior

A poluição do rio Maior causada pelas suiniculturas não é um problema de hoje.

Como se pode ler no seguinte artigo que saiu no Jornal 'Público', já em 2005 um número muito significativo de populares de Ribeira de São João e São João da Ribeira manifestava a sua indignação com a poluição causada pelas suiniculturas existentes na região.

Se há agro-indústrias que cumprem a legislação e tentam minimizar os impactos ambientais das suas explorações, também há aquelas que persistem na ilegalidade e no desprezo pelo ambiente e qualidade de vida dos seus vizinhos. É de todo incompreensível como é possível que passados tantos anos com denúncias constantes, seja possível que algumas suiniculturas na zona, continuem a laboral normalmente sem licença.

Américo Cardoso

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

«Movimento Ar Puro ouvido na Assembleia da República»

«Apresentou documentos que reconhecem as suas queixas»

In Região de Rio Maior, 21 de Outubro de 2011:

«Na sequência de uma petição que dirigiu à Comissão Parlamentar de Ambiente e Ordenamento do Território, o movimento cívico riomaiorense Ar Puro foi recebido na Assembleia da República para uma audição, no passado dia 14. Fez-se representar por uma delegação composta por Annick Robin, António Costa, Emília Paula e Luís Carvalho. Foram recebidos pelo deputado relator da petição, António Prôa, do PSD, e pelos deputados Idália Serrão, do PS, Maurício Marques, do PSD e Manuel Isaac, do CDS. Este último foi também um dos participantes no debate sobre o rio Maior promovido pelo Ar Puro em S. João da Ribeira, no passado mês de Setembro.

Na sua petição, o movimento afirma pretender "promover o exercício da cidadania, nos domínios da defesa do equilíbrio ambiental, da saúde e do património, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do concelho de Rio Maior". E chama a atenção para os "maus cheiros" provocados por três suiniculturas, sitas nas freguesias de Ribeira de S. João e S. João da Ribeira, que serão "altamente perturbadores de todos quantos residem nas imediações, sendo os mesmos indiciadores de provável não cumprimento da legislação em vigor para este sector". A petição ressalva que o objectivo do movimento "não é encerrar as referidas suiniculturas, mas sim que seja cumprida a legislação e que as mesmas funcionem sem perturbar quem com elas partilha o território".

Delegada de saúde aponta "cheiros nauseabundos"

Na audição com os deputados, o movimento Ar Puro apresentou duas cartas da delegada de saúde de Rio Maior em que esta, "após visita ao local", verificou que a reclamação "apresenta fundamento" e que "a situação existente é propícia ao desenvolvimento e proliferação de insectos e roedores, e poderá causar a poluição da água e do solo".
Numa suinicultura situada junto da Estrada Nacional 114, a delegada de saúde afirma: "constatou-se a existência de um amontoado de estrume junto ao separador de sólidos emanando um cheiro nauseabundo". Num terreno com choupos era "visível uma camada superficial com vestígios de escorrências provenientes dos tanques de recepção das águas residuais".

Nas suiniculturas localizadas em Vale da Rosa e no Larojo, a delegada de saúde constatou uma situação semelhante.

ARH Tejo regista poluição da água

O movimento Ar Puro apresentou também aos deputados uma carta da Administração da Região Hidrográfica do Tejo. Após uma inspecção ao local, este organismo do Estado afirma que, no caso da suinicultura próxima da Estrada Nacional 114, verificou que a qualidade da água do meio receptor, que neste caso será o rio Maior, 20 metros antes da descarga dos efluentes pecuários, "já se encontra degradada, não cumprindo o objectivo da qualidade mínima", mas "após a descarga, as concentrações dos poluentes, em carga orgânica e nutrientes" no meio receptor "aumentam muito significativamente, atingindo valores característicos dos verificados nos efluentes pecuários".

Em relação à suinicultura existente em Vale da Rosa, a ARH Tejo afirma ter verificado "que a qualidade da água do meio receptor a montante da descarga também se encontra degradada, não cumprindo o valor referente à qualidade mínima no parâmetro azoto amoniacal. Após a descarga verifica-se o incumprimento em relação à carga orgânica e de nutrientes, que atingem valores muito elevadas, característicos dos efluentes pecuários".

Sobre a unidade suinícola no Larojo, a ARH Tejo considera que "os ensaios realizados indiciam a existência de contaminação orgânica e de nutrientes, quer a montante quer a jusante do ponto de descarga".

Protesto do PCP

Posteriormente à audição no Parlamento, o movimento Ar Puro recebeu uma carta de António Filipe, deputado do PCP e vice-presidente da Assembleia da República, justificando a sua ausência: "Não pude estar presente por não ter sido informado em tempo útil dessa audição. Na verdade, o relator da petição deu conhecimento por mail aos demais deputados da realização da audição às 17 horas da véspera. Acresce que a realização de audições à quinta-feira se encontra proibida pelo Regimento, na medida em que se trata de um espaço reservado para as reuniões dos grupos parlamentares. O Grupo Parlamentar do PCP irá lavrar o seu protesto por este procedimento na Comissão respectiva. Entretanto, continuaremos a acompanhar a tramitação da petição, na expectativa de que daí resulte algo de positivo."»

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Movimento Ar Puro entrevistado pela Antena 1

Entrevista realizada pela Antena 1 ao Movimento Cívico Ar Puro, representado por Annick Robin e Valdemar Gomes. A emissão realizou-se no dia 04 de Outubro de 2011.

Fica aqui um extracto da entrevista que merece ser escutada com atenção.

sábado, 1 de outubro de 2011

PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA: NÃO OBRIGADO!


(cabe aos cidadãos defender o bem comum)

A privatização da água é um violento ataque aos mais elementares direitos humanos, é uma espoliação de um bem comum em benefício de interesses privados (grupos empresariais intercontinentais e multinacionais), em última análise, põe em causa o próprio direito a uma vida digna e saudável.

Privatizar a água é entregar um recurso natural, mas escasso, sem o qual não à vida e primordial em todas as actividades humanas, por isso mesmo, com elevado poder estratégico, que manipulado e usado de forma perversa pode ser gerador de guerras fratricidas. 

Com as alterações climáticas provocadas pelo modelo de desenvolvimento em vigor que, na sua senda predadora, contamina, inquina, destrói, esbanja e consome desregradamente volumes e massas de água tal que, a continuar, vai agravar a já precária qualidade e quantidade de água doce e potável.

A privatização tem-se vindo, paulatinamente, a verificar, desde a sua captação, até aos serviços públicos de abastecimento de água e saneamento de águas residuais, passando pelas margens e os leitos dos rios, pelos recursos pesqueiros marinhos e pelas infraestruturas públicas como portos e barragens.

Os poderes públicos não tem sido exemplares na gestão e na prestação de serviços no abastecimento de água, na recolha, transporte e tratamento dos resíduos sólidos e águas residuais.

Agregando, parte dos custos destes, à factura de água, com taxas, sobretaxas e tarifas, verificam-se aumentos exorbitantes nas facturas da água, agravando a pobreza e as desigualdades sociais.

A solução não passa pela sua privatização, antes pelo contrário, a água é um bem comum, o direito à água foi reconhecido pelas Nações Unidas como um direito humano fundamental, faz parte do direito à vida: «... declara que o direito a uma água potável própria e de qualidade e a instalações sanitárias é um direito do homem, indispensável para o pleno gozo do direito à vida».

Esta situação resulta de uma estratégica política definida à décadas, tendo por objectivo: criar condições objectivas e subjectivas de molde a, quebrar resistências à sua integral privatização e, concomitantemente, os cidadãos a aceitarem como inevitável.     

Para que este princípio tenha consequências práticas é essencial que a água, os serviços de água, os recursos hídricos e as infraestruturas, que são património comum, não sejam alienados e entregues a interesses privados, que tem como único objectivo, o máximo de lucro no mais curto espaço de tempo, sem olhar a meios.
 
Em suma: a propriedade e a gestão tem que ser pública e sem fins lucrativos, sendo necessário o reforço no investimento na manutenção, modernização e ampliação dos sistemas de água, saneamento, tratamento de águas residuais e dos resíduos sólidos, que garantam um serviço eficaz, de qualidade e quantidade adequadas às necessidades das populações, sem descriminações ou exclusões socio-económicas.

António Costa



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

«Movimento Ar Puro debateu o rio Maior»

In Região de Rio Maior, 23 de Setembro de 2011:

«O Movimento Ar Puro reuniu, em S. João da Ribeira, cerca de meia centena de cidadãos com deputados e dirigentes de todos os partidos com assento na Assembleia da República. Em delcarações ao Região de Rio Maior, António Costa, o activista do Ar Puro que presidiu a esta iniciativa, (afirmou que) os objectivos foram indentificar problemas e procurar soluções em relação ao rio Maior e à poluição que o atinge, em particular a poluição causada por suiniculturas. E "responsabilizar pessoas que foram eleitas para defneder os interesses das populações".

Participaram nesta reunião, realizada no passado domingo, 18 de Setembro, António Filipe, vice-presidente da Assembleia da República e deputado do PCP, António Serrano, deputado do PS e ex-ministro da Agricultura, Carlos Frazão, vice-presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Francisco Madeira Lopes, ex-deputado e dirigente nacional dos Verdes, Manuel Isaac, deputado do CDS, Nuno Serra, deputado do PSD, e Pedro Filipe Soares, deputado do BE. Assinale-se ainda a participação de Paulo Constantino, porta-voz do movimento ecologista Protejo. presentes entre o público estavam também dirigentes de associações riomaiorenses como o Clube do Mato, a EICEL e a H2O.

O debate começou com intervenções de vários cidadãos que se queixaram de o rio Maior estar abandonado e poluído. Um morador de Arrouquelas chamou a atenção para a ribeira que atravessa a sua freguesia. Bastante visadas foram algumas suiniculturas, situadas nas freguesias de Ribeira de S. João e de S. João da Ribeira, acusadas não apenas de atingir o rio com dejectos mas também de afectar gravemente a qualidade de vida das populações da zona, com maus cheiros. Sobre este problema foi dada informação aos presentes das diligências do movimento Ar Puro junto de entidades oficiais que reconheceram a existência de várias ilegalidades.

Seguiram-se intervenções dos responsáveis políticos. O vice-presidente da Câmara reconheceu que "o rio Maior está poluído, é um facto". Mas alegou que "já esteve muito mais poluído do que está agora". Hoje a cidade de Rio Maior dispõe de uma ETAR - estação de tratamento de águas residuais - "que está a funcionar em pleno. S. João da Ribeira e Ribeira de S. João também têm uma ETAR em pleno funcionamento". Carlos Frazão reconehceu também que quandos e passa na Estrada Nacional 114, entre S. João da Ribeira e Ribeira de S. João, "nota-se um cheiro terrível". Mas sublinhou a importância económica das suiniculturas. Mais à frente assumiria que também é suinicultor e apontaria existirem comedouros e bebedouros, que já experimentou na sua exploração, e que permitem reduzir não apenas o consumo de comida e água mas também, para metade, a produção de dejectos animais.

António Serrano, do PS, afirmou que "conjugar a actividade económica com a protecção do ambiente é um desafio" e que"em Portugal só muito tardiamente passámos a ter esta preocupação". Momentos depois de intervir alegou outro compromisso e foi-se embora.

Manuel Isaac, do CDS, abordou a queixa de alguns moradores em relação aos canaviais que escondem o rio. Recordou que antigamente as canas eram utilizadas nas vinhas. E defendeu que devem ser os proprietários dos terrenos contíguos a limpar as margens. Argumentou que "se cada um limpar o seu bocadinho é mais fácil".

Em relação ao problema das suiniculturas, o deputado do CDS afirmou que "é difícil acabar com os cheiros", mas que "há fiscalização e multas pesadas" e que "se todas as suiniculturas do país estivessem como estas, estaríamos bem melhor". Deu no entanto o exemplo da Câmara Municipal de Peniche que incentivou a instalação de pecuárias na sua zona industrial. "A Câmara assegura o tratamento dos efluentes e os produtores depois pagam esse serviço à Câmara".

Já Nuno Serra, do PSD, argumentou que "não se pode esperar que tudo mude de um momento para o outro". A apelou à compreensão para com o Estado, "que está a trabalhar".

Pedro Filipe Soares, do BE, citou o exemplo da Dinamarca, país com 5 milhões de habitantes e 13 milhões de porcos - de que é o maior produtor da União Europeia. "Lá está muito menorizado o problema dos maus cheiros. Não é verdade que as pessoas estejam condenadas a este problema. Há soluções". E manifestou-se "chocado" quando ouve "falar dos problemas das pessoas comos e fosse uma coisa abstracta". Apontou que no caso em apreço "está em causa a  saúde das pessoas" e que "a lei não é cumprida e a fiscalização é reduzida".

Madeira Lopes, do PEV, manifestou-se chocado com os resultados de algumas análises à água do rio Maior na zona de S. João da Ribeira, que praticamente não permitem distinguir o rio dos efluentes suinícolas. E defendeu que "este problema já devia estar resolvido há muito. É possível produzir com respeito pelo Ambiente. Há impactos que podem ser evitados ou reduzidos".

Segundo António Filipe, do PCP, "é preciso que o nosso país produza. Mas as regras têm que ser cumpridas. Em nome da actividade económica não vale tudo. Mas quando estão em causa interesses económicos é sempre complicado. A lei é implacável para os mais fracos. Mas para os mais fortes há sempre escapatória".

No final, os deputados presentes comprometeram-se a acompanhar uma petição que o movimento Ar Puro entregou na Assembleia da República sobre o problema da poluição suinícola nas freguesias de S. João da Ribeira e Ribeira de S. João.»

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Fotos do Debate Público 'Por Um Rio Maior Vivo'

Ficam neste espaço algumas fotos do Debate Público.
Um agradecimento à participação de todos os que estiveram presentes e que enriqueceram o debate.










Carlos Frazão, vice-presidente da Câmara de Rio Maior

António Serrano, deputado do PS

Manuel Isaac, deputado do CDS


Nuno Serra, deputado do PSD

Pedro Filipe Soares, deputado do BE

Francisco Madeira Lopes, dirigente do PEV

António Filipe, deputado do PCP

Paulo Constantino, porta-voz do Protejo


«Políticos prometem lutar em Lisboa pela despoluição do rio Maior

In O Mirante de 22 de Setembro de 2011:

«Os representantes dos diversos partidos com assento parlamentar presentes no debate público “Por um Rio Maior Vivo” comprometeram-se a apresentar um projecto de resolução conjunto na Assembleia da República procurando respostas por parte do Governo para o problema de poluição do rio Maior que se arrasta há décadas.

“Temos de pedir informação sobre a petição que foi entregue na Assembleia e ver o que pode ser feito entre todos” explica António Filipe, deputado do PCP, garantindo o seu compromisso para com esta causa. De acordo com o deputado comunista estão os restantes representantes políticos do PS, PSD, BE e Os Verdes, que durante a tarde de domingo ouviram os desabafos de cerca de quatro dezenas de pessoas, em S. João da Ribeira. O debate, organizado pelo “Movimento Cívico Ar Puro” pôs na mesa o tema antigo das suiniculturas da região, levando à denúncia de diversas situações de incumprimento.

“Acho extraordinário que este problema se continue a arrastar de um ano para o outro” referia Francisco Madeira Lopes do partido “Os Verdes”, acrescentando que desta vez não poderá ficar na gaveta. “Não basta os políticos virem aqui ouvir, é preciso que haja uma consequência. O que se pede não é que as pecuárias fechem, é apenas que cumpram a lei”, explicava ainda Pedro Filipe Soares do Bloco de Esquerda.
Para PS e PSD a solução, embora possível, não será tão linear. “Existe aqui uma dicotomia entre economia e meio ambiente e claro que isso não é fácil de gerir” explica o deputado social-democrata Nuno Serra. Para o ex-ministro da Agricultura e deputado do PS, António Serrano, o importante é a população continuar vigilante. “Temos de exigir que se cumpra o que está na lei”, explicava, garantindo contudo que tal posição tem de ser tomada “com cautela”.

A petição entregue na Assembleia da República a 26 de Janeiro pretende ver discutido o tema das suiniculturas em instância superior. O tema, que ainda se encontra pendente na Comissão do Ambiente, poderá ver assim reunidas as condições para a sua futura discussão. De acordo com António Costa, um dos responsáveis pela organização do debate, este foi apenas mais um passo de uma longa luta. “Vamos dar continuidade a este trabalho. Os estudos estão feitos, as soluções já existem em papel e todos sabem que temos razão. Só falta pararem de arrastar o tema!” conclui.»

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Debate Público 'Por um Rio Maior Vivo'

Decorreu ontem em São João da Ribeira um debate público promovido pelo Movimento Cívico Ar Puro sobre o tema ‘Por um Rio Maior Vivo’.
Desde já queremos agradecer a participação de todos os que puderam estar presente, pois é através da participação nestes debates que podemos exercer o nosso direito e dever de cidadania.

Este debate contou com uma mesa cheia de ilustres participantes dos quais se pode salientar:
Carlos Frazão (Vice-Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior), Nuno Serra (Deputado do PSD), António Filipe (Deputado do PCP e Vice Presidente da Assembleia da República), António Serrano (Deputado do PS e Ex-ministro da Agricultura), Manuel Isaac (Deputado do CDS-PP), Pedro Filipe Soares (Deputado do BE), Francisco Madeira Lopes (Dirigente do Partido Ecologista ‘Os Verdes’) e Paulo Constantino (Porta Voz da Protejo – Movimento pelo Tejo).
A moderação ficou a cargo de António Costa, do Movimento Cívico Ar Puro.

Foi uma sessão muito concorrida na qual participaram algumas dezenas de cidadãos interessados.

Na reunião debateram-se vários assuntos ligados ao rio, como a não limpeza das margens e a possível contaminação do rio por empresas do ramo alimentar e agro-pecuárias. Não ficou esquecida a poluição dos lençóis freáticos pela agricultura decorrentes do uso de fertilizantes e pesticidas, nem tão pouco a incúria de alguns cidadãos que deitam ao rio todo o tipo de objectos.

O debate acabou por se centrar na poluição causada pelas suiniculturas e aqui ficou bem patente a dificuldade de se conciliar a necessidade de se criar riqueza com a laboração das empresas e o inegável direito ao bem-estar e saúde das pessoas. Foi dado o exemplo da Finlândia em que têm menos pessoas do que porcos no seu país e mesmo assim é um país reconhecidamente com um bom nível de vida e saúde pública.

Ficou bem claro que o problema contínua a existir e que apesar de haver legislação que regula a actividade destas explorações ela nem sempre consegue ser posta em prática causando um sentimento de impunidade para com os prevaricadores.
Os deputados presentes comprometeram-se em dar seguimento à petição que o movimento cívico Ar Puro entregou na Assembleia da República.

Para finalizar, resta dizer que foi muito positiva a troca de ideias sobre a visão que os vários intervenientes têm do que será melhor para termos um Rio Maior Vivo. O pluralismo de ideias é salutar em democracia e deve de ser estimulado.

domingo, 26 de junho de 2011

É Tempo de Cidadania

Foi em 2009, a 20 de Junho, que se realizou uma manifestação, em Talavera de la Reina, que juntou 40.000 cidadãs e cidadãos exigindo um rio Tejo limpo, com caudal e sem transvases. POR UM TEJO VIVO. Já passaram dois anos, o processo está actual e contínua a exigir que a cidadania assuma as suas responsabilidades. 

O nosso rio também exige a nossa atenção e como afluente do Tejo obriga-nos a olharmos mais longe, o que se passa num tem influência directa imediata, a médio e a longo prazo no outro. É tempo de cuidar da riqueza que nos foi legada e não a desbaratar em nome de um pretenso desenvolvimento.

Sim, porque destruir as potencialidades e as riquezas naturais, que são escassas e perecíveis, não é efectivo progresso humano, social, económico e financeiro, mas sim um retrocesso civilizacional. 

A problemática da água como bem natural e escasso é de uma importância estratégica que não pode ser encarada de ânimo leve, é imperioso que as instâncias centrais, ouvindo e debatendo seriamente com as regionais e locais, assim como sensibilizando, mobilizando e envolvendo activamente a cidadania, através dos mais variados movimentos e associações representativas dos vários sectores, definam estratégias claras e viáveis para a gestão da água em todas as suas dimensões.

Não é razoável descartar responsabilidades, por exemplo; transferir a responsabilidade da limpeza e manutenção dos rios para os proprietários das terras envolventes. Esta e outras questões relacionadas com a gestão dos recursos hídricos são mais complexas; requerem conhecimento científico, técnico e recursos económico-financeiros que os pequenos e médios proprietários não comportam.

Vamos persistir na exigência de um desenvolvimento e ordenamento territorial integrado: onde efectivamente as pessoas sejam a prioridade das prioridades; em que o conhecimento científico e os avanços técnicos que possibilitam a sua concretização estejam ao serviço da humanidade e não de interesses mesquinhos.

A realidade com que estamos confrontados convoca-nos, é tempo de dizer presente, não podemos abandonar as próximas gerações, o futuro constrói-se hoje.

António Costa

terça-feira, 24 de maio de 2011

Movimento Ar Puro nas Jornadas Ibéricas em defesa do Tejo e dos seus afluentes

In Região de Rio Maior, 21/05/2011:

«A situação do rio que dá nome ao concelho de Rio Maior foi um dos temas abordados nas V Jornadas Ibéricas «Por Um Tejo Vivo - em defesa do Tejo e dos seus afluentes», que decorreram em Azambuja, a 14 e 15 deste mês.
Este evento contou com a participação de várias dezenas de organizações ecologistas de Espanha e Portugal, entre as quais o riomaiorense Movimento Cívico «Ar Puro», que se fez representar por uma delegação composta por Conceição Santa Bárbara (foto), António Costa e Annick Robin.
A Conceição Santa Bárbara coube ser oradora num painel sobre «O Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo: Situação do Tejo e seus afluentes em Portugal».
Afirmou que “o rio Maior é hoje um rio morto, devido às descargas dos efluentes das suiniculturas e da indústria agro-alimentar”. Pelo que defendeu a necessidade de “unir esforços, envolvendo as diversas organizações ambientais dos concelhos atravessados por este rio” (Rio Maior, Cartaxo, Santarém e Azambuja), “bem como as respetivas autarquias, no sentido da sua requalificação”.»
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terça-feira, 17 de maio de 2011

Jornadas Ibéricas - Por um Tejo Vivo


As V Jornadas Ibéricas "Por Um Tejo/Tajo Vivo: Em Defesa do Tejo/Tajo e Seus Afluentes" que se realizaram dias 14 e 15 de Maio do corrente ano, na Vila de Azambuja, organizadas pela Rede de Cidadania para uma Nova Cultura do Tejo/Tajo e seus afluentes e o proTEJO - Movimento pelo Tejo.

O Movimento Cívico Ar Puro participou nestas Jornadas com uma intervenção sobre o estado actual do rio Maior, comprometendo-se a envidar todos os esforços para envolver os diferentes actores (Associações ambientalistas, Autarquias e Administração Central), dos concelhos atravessados pelo rio, na sua recuperação e revitalização.



 
Ficaram antecipadamente marcadas por um acto simbólico, levado a cabo pelas organizações vindas das várias regiões de Espanha, foram despejando água limpa da cabeceira do tejo, tanto nas povoações ribeirinhas, durante o percurso (Aranjuez, Toledo, Talavera de la Reina e Valdecanas), até ao local onde as mesmas se realizaram (Azambuja). 

Nestas jornadas ficaram patentes as malfeitorias levadas a cabo pelas mais variadas entidades, públicas e privadas, em particular pelos grandes grupos económico-financeiros, com a benevolência de todos os poderes públicos que devem ter como tarefa garantir os direitos comuns, produzir e fazer cumprir legislação e regulamentação adequada para os vários sectores económicos, em ambos os países, faltando uma estratégia de desenvolvimento integrado, que potencie os recursos naturais como garantia de um equilíbrio territorial, do progresso e da justiça económico-social.

Ficou assumido por todas as organizações, participantes, dos dois países a exigência que o Tejo e todos os seus afluentes sejam encarados como uma unidade e que os governos de ambos os países, assim como os governos autonómicos e as autarquias tudo façam para que os planos de gestão da bacia do Tejo/Tajo, tanto em Portugal como em Espanha, sejam publicados este ano e colocados à discussão e participação públicas.

 Recuperem a vida no Tejo e em todos os seus afluentes, regulando de forma adequada as questões essenciais, tais como o regime de caudais ambientais assim como os objectivos do estado ecológico das águas e a biodiversidae de modo a potenciar as condições naturais para o desenvolvimento integrado tanto das populações ribeirinhas como das regiões envolvidas. Potenciando a agricultura biológica, a indústria agro-alimentar, através do aproveitamento integral da água e a sua reutilização, as pescas, o turismo e as demais actividades económicas relacionadas com o rio.

Também ficou assumido o compromisso de continuar o trabalho com o objectivo de fortalecer as organizações ambientalistas, de molde a empenhar as populações, para que assim sejam criadas as condições necessárias, para a recuperação do Tejo e seus afluentes.  





quinta-feira, 12 de maio de 2011

Suinicultura Valinho - Vale da Rosa

Exploração da Agro-Pecuária Valinho, S.A., em Vale da Rosa, Ribeira de São João.



Segundo um documento da Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAP LVT), a Agro-Pecuária Valinho, está a tentar regularizar esta exploração de modo a poderem ter 5058 suínos de recria/acabamento.

Sobre o consumo de água necessário diariamente para cada suíno, pode-se usar a seguinte tabela:
   Suínos até 55 dias de idade - 3 litros
   Suínos de 56 a 95 dias de idade - 8 litros
   Suínos de 96 a 156 dias de idade - 12 litros
   Suínos de 157 a 230 dias de idade - 20 litros
   Leitoas - 16 litros
   Fêmeas em gestação - 22 litros
   Fêmeas em lactação - 27 litros
   Machos - 20 litros.
Com estes dados, consegue-se ter uma ideia da poluição que alguns milhares de porcos provocam.
Os principais componentes poluentes dos suínos nas águas e solos, são o cobre, o zinco e a amónia. Já em termos de poluentes atmosféricos, são o amoníaco e o metano.

Desde há muito tempo que os habitantes se queixam do mau cheiro e do estado imundo dos canais de água. De notar que esta queixa não é somente dos vizinhos da exploração cujas instalações se encontram a pouco mais de 100 metros de edifícios residênciais. A queixa é de todos os moradores por onde passa o curso de água até este chegar ao rio Maior. Este cheiro sente-se bem no novo parque de merendas de Ribeira de São João.

Já em 1998 a Câmara Municipal de Rio Maior, tinha deliberado por unanimidade o encerramento desta exploração por ‘graves danos ambientais provocados’, como se pode comprovar em:
Mas como estamos em Portugal, nada aconteceu e a exploração continuou a laborar normalmente.

Na semana passada decidimos ir verificar a situação actual da exploração.


Os edifícios apresentam um aspecto degradado, alguns dos quais com o tijolo à mostra.
Os terrenos da exploração não se encontram tratados.

As lagoas não estão impermeabilizadas e as margens não se encontram limpas, podendo potenciar o aparecimento de pragas de roedores e insectos.


Nota-se perfeitamente um escorrimento contínuo de líquidos não tratados das lagoas, contaminando os solos de toda esta região.


A côr dos escorrimentos, não deixam qualquer dúvida sobre a sua origem.


O site da Valinho encontra-se em:
Neste local da internet não vai de certeza encontrar estas imagens, mas sim a imagem de pessoas saudáveis e sorridentes, como:




Gostaria de deixar claro que o que nos move não é o encerramento das pecuárias, pois enquanto houver pessoas que comam carne de porco terá que haver criação de porcos.
O que queremos é que esta criação de porcos se faça de forma digna para o animal, não ponha em risco o ambiente ou a qualidade de vida a que as populações têm direito e não comprometa de forma irreversível o nosso legado para as gerações futuras.

Já a água é um recurso essencial a toda a vida no planeta e para o Homem constitui também um bem essencial em termos económicos, industriais e sociais.
Até há relativamente pouco tempo, por ignorância, este recurso foi encarado como sendo inesgotável e auto-depurador, o que levou a que tenha sido descurado de uma forma muito perigosa.
Finalmente o Homem tomou consciência que a água potável é um bem cada vez mais escasso. É então importante actuar em todos os sectores (agrícola, industrial, doméstico, serviços, …) na redução do consumo de água, no aumento da eficiência do seu uso e na reutilização da água. Não podemos esquecer é de parar enquanto há tempo de poluir e investir nos cursos de água com o intuito de os descontaminar e revitalizar.

sábado, 7 de maio de 2011

Jornadas Ibéricas 'Por um Tejo Vivo'

V Jornadas Ibéricas ‘Por um Tejo Vivo’


O Movimento Cívico "Ar Puro" vai participar nas V Jornadas Ibéricas "POR UM TEJO VIVO" - Em Defesa do Tejo e seus Afluentes, realizadas pelo Movimento proTEJO, dias 14 e 15 de Maio de 2011, em Azambuja.

Estas jornadas vão-se realizar pela primeira vez em Portugal, participam "representantes de mais de cem organizações de cidadãos e ecologistas de Espanha e Portugal, reunidas na Rede de Cidadania por Uma Nova Cultura da Água no Tejo/Tajo."
É uma realização importante para o Tejo e seus afluentes, por essa razão não podíamos ficar indiferentes, antes pelo contrário, estando empenhados em contribuir para a defesa e recuperação do nosso rio, consideramos imperativo cooperar e aprender com os saberes, as experiências e os estudos já realizados, por todas estas organizações.
"Em Junho de 2011 serão publicados os Planos de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo, em Portugal e em Espanha, que contêm as orientações de gestão e utilização da bacia do Tejo até 2015."
É imperioso que os cidadãos se empenhem na procura de soluções e exijam que sejam garantidos os caudais ambientais assim como, Planos de Gestão e Utilização da Água do Tejo e dos seus afluentes que permitam a sua recuperação e dos seus territórios.

terça-feira, 8 de março de 2011

O que os outros dizem do debate do dia 20 de Fevereiro

Foram vários os que falaram sobre o debate/exposição realizado no último dia 20 de Fevereiro sob o tema 'rio Maior, estado ecológico e potencialidades'.
Ficam aqui alguns dos artigos:

No jornal Região de Rio Maior:

No site do movimento pelo Tejo ProTejo:

No site do Fórum de Rio Maior:

No Blog 'Gota de Água':
http://coisasdoriomaior.blogspot.com/

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

«A revitalização do rio Maior viria melhorar a qualidade de vida e a economia ribeirinha»

In Região de Rio Maior, 25 de Fevereiro de 2011:

«Sessenta pessoas, aproximadamente, participaram no anunciado debate «O rio Maior:estado ecológico e suas potencialidades», promovido no último domingo à tarde, dia 20, no salão da União Recreativa Sanjoanense, em S. João da Ribeira, pelo Movimento Cívico «Ar Puro».

Contando com abordagens às problemáticas desde curso de água e da sua envolvente por banda de associações convidadas, como Paulo Constantino da Protejo, e Valdemar Gomes do Clube do Mato, bem como de Carlos Frazão Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, os participantes começaram por beneficiar de uma descrição do percurso do rio desde a zona da nascente até desembocar no Tejo, de que se encarregou um dos associados do «Ar Puro», Américo Cardoso, de Arrouquelas, que se apoiou na projecção de uma série de imagens.

Moderou o debate Maria Emília Irmler, nascida em S. João da Ribeira tal como os pais e os avós - a família Paula. O pai era Joaquim Paula (...)

Já se sabe que os moradores de S. João da Ribeira e ali daquela zona andam muito preocupados, já há anos, com o estado de degradação do rio Maior.

"Estamos preocupados", confirma Maria Emília Irmler ao Região de Rio Maior.

"Eu penso que não podemos simplesmente ignorar aquilo que está à nossa volta e as mudanças. Tenho quase sessenta anos e conehci o rio desde criança, quando lá tomava banho tinha os meus 7 ou 8 anos de idade, e a transformação do rio e de tudo que está à volta dele não pode ser ignorado, tantas são as coisas que que se estão a modificar com uma rapidez! E sempre no sentido da destruição...", diz esta senhora.

É claro que o problema começa a montante e não em S. João da Ribeira. Maria Emília Irmler concorda. "sim, o problema é do rio em si, desde a nascente à Vala da Asseca e vai continuando por aí abaixo.

Os problemas daqui têm a ver sobretudo com as culturas intensivas, a produção animal intensiva e a falta de cuidado que deixou de haver com o rio", aponta. Mas acredita que há possibilidades de resolver, pelo menos parcialmente, estes problemas. "Eu penso que é essa a vontade das entidades oficiais, também da nossa Câmara e das Juntas de Freguesia. Penso que não é só uma vontade deste movimento mas uma vontade das populações e das pessoas que estão à frente das instituições. E é em primeiro lugar uma vontade de olhar bem para as coisas, refletir e ver onde é que podemos mudar alguma coisa", considera. "As mudanças não são milagres, não se fazem por milagres, fazem-se com a boa vontade das pessoas, fazem-se com estudo, com reflexão e com a participação de todos. E nós acreditamos que todos temos essa vontade!", conclui Maria Emília Irmler.

Valdemar Gomes historiou o percurso já de 10 anos de preocupações ambientais do Clube do Mato e advertiu: "O ambiente só vai ser respeitado se as pessoas sentirem que fazem parte dele".

Nazaré Varela - a Nazaré Varela que nos habituámos a conhecer no Grupo de Danças e Cantares de S. João da Ribeira -, senhora de grande saber e cultura, dispnesou-se de incómodos de saúde e andou pela Torre do Tombo à procura de fundamentos para a história da sua freguesia e do rio... Maior. para um livro que tem andado a escrever. E contou coisas, de documentos comprovativos na mão, de pasmar os mais novos e provavelmente a maior parte dos de meia-idade!

Realmente, já poucos se devem lembrar que os barcos subiam o rio até S. João da Ribeira para carregar madeira! A própria Nazaré Varela ainda chegou a andar num deles quando tinha 9 anos de idade!

O sável, que é peixe do mar, subia o rio para a desova e os pescadores vinham e barco atrás dele, está registado num documento de 29 de Março de 1758, mas agora...

Na carta de Correição de João Teixeira Albernaz, datada de 1640, o rio Maior entroncava no Tejo, mas em Santarém, não na Azambuja.

Em tempos recuados, o rio só era Maior da Calhariz para baixo, porque resultava da junção, naquela ponto, do rio S. Juan da Ribeira - que era assim que se chamava desde a nascente (Jogadouro - Bocas) até ali, com a ribeira das Alcobertas e a de Almoster, e ia dar à salgada na Azambuja.

Enfim, foi um desfiar de créditos sanjoanenses que é preciso valorizar.

Alguém referiu que apesar do estado do rio, ainda há uqem dele tire partido económico, apanhando o lagostim do rio, muito apreciado em Espanha onde é transformado em paté... Uns bicharocos que para Paulo Constantino, na verdade estão a mais no rio Maior e não só, porque não pertencem à fauna autóctone.

O rosto da Protejo fez uma explicação alargada e pormenorizada do papel da sua associação na defesa da bacia hidrográfica do tejo que, bem se sabe, é hispano-lusitano e está sujeita a transvases cada vez mais volumosos para a economia agrícola espanhola, com enorme prejuízo para as populações ribeirinhas e para Portugal que dispõe de cada vez menos água do tejo. Para ele, toda a comunidade terá que se envolver na implementação do futuro Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo.

Carlos Frazão Correia, embora reconehcendo que o estado do rio está longe de ser bom, fez notar que já esteve pior e apontou os vários fatores de poluição ao longo das décadas, que foram sendo atenuados, prevalencendo agora a das pecuárias. A revisão do PDM e o Plano Estratégico para os próximos vinte anos prevêem que todo o concelho de Rio Maior deixe de estar de costas voltadas para o rio, a exemplo do que se passou com o Mondego e o Lis, por exemplo.»

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Video 'O curso do rio Maior'

Este vídeo foi apresentado como abertura ao debate do último Domingo.
Através de imagens simples, tenta-se mostrar o curso do rio Maior desde a sua nascente nas Bocas até ao seu encontro com o rio Tejo em Azambuja.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Movimento Ar Puro na Maior TV


Reportagem da Maior TV 
sobre o debate "O rio Maior: estado ecológico e potencialidades",
promovido pelo Movimento Ar Puro

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Debate e exposição 'rio Maior: estado ecológico e potencialidades'

Hoje, dia 20 de Fevereiro, em São João de Ribeira, realizou-se o debate sobre o rio Maior, seu estado ecológico e potencialidades.

O debate que contou com a presença de mais de sessenta pessoas foi moderado por Maria Emilia do Movimento Cívico Ar Puro.

Valdemar Gomes do Clube do Mato fez a interligação entre as actividades do clube e o rio Maior. Numa iniciativa realizada pelo Clube do Mato à somente 10 anos, ainda se observou pessoas a lavarem no rio e alguma actividade piscatória.

Nazaré Varela, uma amiga de São João da Ribeira mostrou os estudos que tem vindo a realizar sobre a terra e que estão compilados num livro que espera vir a poder publicar. Entre outros factos muito interessantes, deu conta de documentos que provam que o rio antes de se chamar Rio Maior se chamava Rio São Joan.

Paulo Constantino da ProTejo (Movimento pelo Tejo) informou os presentes das iniciativas que têm sido tomadas para tentar preservar o rio Tejo e as preocupações com os transvases de água no lado de Espanha. Referindo-se mais concretamente ao rio Maior, fez um breve resumo histórico, mostrando uma carta em que o rio desaguava no Tejo junto a Santarém. Foram referidos vários riscos para o rio Maior, como o elevado nível de assoreamento, o mau estado de conservação das margens e a poluição que algumas actividades económicas provocam.

Carlos Frasão, Vice-presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, também recordou o tempo em que se tomava banho no rio Maior. Deu conhecimento que a Câmara Municipal está a tentar obter fundos para um plano de reabilitação da zona ribeirinha compreendida entre a nascente, a antiga Moagem Maria Celeste e a zona da Villa Romana de modo a criar um espaço de lazer e de interligação dos riomaiorenses com o seu rio. A execução desta obra seria para ser realizada até 2030.

Seguiu-se o debate entre as várias pessoas presentes na sala que revelaram saudades do tempo em que o rio Maior era limpo e preocupações com o seu estado actual e com as várias fontes de poluição, nomeadamente de algumas suiniculturas e empresas de conservas.

A exposição mostrou imagens antigas e actuais do rio Maior. Nas imagens antigas era notória a grande relação das pessoas com o rio que aí tomavam banho, lavavam a roupa, tinham as suas azenhas e noras e também servia de passeio nos dias quentes de Verão.
A exposição contou ainda com desenhos feitos pelas crianças das escolas EB1 de Arrouquelas e de São João da Ribeira.
Os versos de Ruy Belo estiveram presentes nos diversos quadros pois a sua poesia continua actual e muito ligada a esta terra.